Creio na Segunda Vinda de Cristo e na completa vitória e efetivação do Reino de Deus na História.
Visões escatológicas a respeito da plenitude do Reino de Deus
Embora as Escrituras Sagradas tratem da escatologia em suas páginas, quer do Antigo quer do Novo Testamento, a interpretação da realização histórica das profecias bíblicas ainda é controversa entre os teólogos e biblicistas. Correndo o risco de simplificar um tema tão controverso, devemos frisar que algumas escolas escatológicas são literalistas, outras alegóricas e algumas desescatologizantes. Os intérpretes que seguem a primeira acreditam que as profecias ocorrerão ipsis litteris e interpretam os acontecimentos de acordo com um cronograma escatológico. As escolas que empregam o método alegórico entendem que as profecias são descrições fictícias dos conflitos cósmicos entre o bem e o mal, entre Deus e Satanás, entre o Cristianismo e o paganismo. As desescatologizantes são existencialistas e não acreditam que as profecias tenham qualquer valor histórico ou realização para além das fronteiras desta vida, caso se admita que uma ou outra seja profecia “autêntica”. Todavia, a respeito do Reino de Deus, duas visões escatológicas devem ser destacadas: a escatologia realizada e a escatologia consistente.
A escatologia realizada. Para o teólogo C. H. Dodd, a escatologia do Antigo Testamento já havia se cumprido completamente em o Novo Testamento. A partir da interpretação das declarações de Jesus a respeito do Reino de Deus e de textos como Mt 12.28; At 2.16; 2 Co 3.18; 5.17; Cl 1.13; 1Pe 1.23; 1Jo 2.8,18 et passim, Dodd concluiu que a nova era profética, o estabelecimento do Reino de Deus, já havia se efetivado completamente. Considerava o Dia do Senhor (Is 2.12-22; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1, 11; Sf 1.14; Zc 13.1) um acontecimento concluído, realizado em o Novo Testamento.
A escatologia consistente. Outro teólogo, Albert Schweitzer, entretanto, aplicou ao estudo do Reino de Deus o mesmo método empregado por Johannes Weiss, a escatologia consistente.Essa teoria unia o conceito dos críticos radicais da Bíblia com a escola futurista. Do liberalismo herdou o conceito de que o reino de Deus é de natureza apenas ética, e da escatologia, que seria estabelecido de forma dramática no porvir.
A questão crucial era o modo como o reino de Deus se estabeleceria definitivamente. A primeira corrente entendia que a efetivação completa do reino de Deus na história se daria através da transformação ética do homem. A segunda, pelo contrário, que se daria no futuro com toda apocalíptica. A visão liberal negava a ideia de um cataclismo irrompendo a história e estabelecendo o reino de Deus, enquanto a escatológica, baseava sua teoria justamente nesse fato.
Todavia, a interpretação de Schweitzer engoda o leitor desatento. Ele não crê numa segunda vinda, como crê o dispensacionalista. Na concepção do autor, como fica claro na metáfora da “roda do mundo”, um dos textos célebres de sua escatologia consistente, Jesus se considerava o Filho do Homem, e aguardava a consumação dos tempos, entretanto, tendo falhado em sua missão, se lança para a morte, a fim de que a parusia se efetivasse. F.F. Bruce, assim resume a escatologia consistente:
"Segundo a “escatologia consistente” de Albert Schweitzer, Jesus, crendo ser o Messias de Israel, descobriu que a consumação não chegou quando Ele a esperava (cf. Mt.10:23) e aceitou de bom grado a morte, a fim de que a Sua “parusia” como o Filho do homem pudesse ser forçosamente realizada. Visto que a roda da História não atenderia ao toque de Sua mão, girando para completar sua última volta, Ele Se lançou sobre ela e foi quebrado por ela, apenas para dominar a História decisivamente por meio do Seu fracasso, mais do que poderia ter feito se tivesse realizado Sua ambição mal interpretada. A mensagem dEle, conforme sustentava Schweitzer, era totalmente escatológica no sentido exemplificado pelo “apocalipcismo” contemporâneo mais grosseiro. Seus ensinos éticos eram planejados para o período entre o início do Seu ministério e a Sua manifestação em glória. Mais tarde, quando se percebeu que a morte dEle destruíra as condições escatológicas, ao invés de introduzi-las, a proclamação do reino foi substituída pelo ensino da igreja."1
Mas, seja a escatologia consistente de Schweitzer, seja a escatologia realizada de Dodd, ambos concordam que se trata de um temário que permeia as Sagradas Escrituras. Eles discordavam da época em que os fatos se deram: para Schweitzer eles nunca ocorreram, e para Dodd já haviam se cumprido.Tomando o Dia do Senhor como referência, Schweitzer não cria na sua realização histórica, e Dodd de que se concretizou em o Novo Testamento.
O leitor deve ser criterioso ao tentar ajustar aos sistemas escatológicos as profecias concernentes o Reino de Deus anunciado nos Sinópticos. Isto não significa negar sua efetivação e posição na história, apenas permitir que a Doutrina das Últimas Coisas retorne ao seu ambiente original: As Sagradas Escrituras.
Por conseguinte, a escatologia do Antigo Testamento falava do Reino Messiânico de Deus como um reino visível, terreno e político prometido a Israel, no qual o Messias irá reinar sobre toda a terra a partir de um trono em Jerusalém. Em nenhum momento, quer no Antigo quer em o Novo Testamento, e na presente era, essa expectativa profética se cumpriu. Isto quer dizer que o Reino de Deus foi inaugurado na Primeira Vinda de Jesus, ele está presente no mundo, mas se efetivará de modo físico, como cumprimento da escatologia do Antigo e Novo Testamentos, na Parusia, ou Segunda Vinda de Jesus.
Se o modo da chegada do Reino de Deus através do anúncio de Jesus foi silencioso, invisível e espiritual, não se pode afirmar o mesmo de sua efetivação na história, que será repentina e catastrófica (Is 63.1-4; Jl 3.1,2; Sf 1.12-18; Zc 14.1-9; Ml 4.1-6; cf. Mt 24.3,27-31; 26.63-64; Rm 11.26; 1Co 15.23-28; 2Tm 4.1; Ap 1.7; 11.15), em vez de gradual e naturalmente. Não há qualquer indício de que essas profecias tenham se cumprido em algum período da história, seja no primeiro Advento de Cristo, seja na Ascensão do Senhor, ou no progresso do Cristianismo no mundo (Mt 3.2; 4.17; 8.11; 24.14; At 1.6-11; 3.19-26).
De acordo com as Escrituras neotestamentárias, alguns eventos precederão a completa instauração do reino messiânico no mundo. Não havendo necessidade em descrevê-los em pormenor e muito menos de colocá-los na ordem dos fatos, segue uma síntese dos eventos mais dramáticos: Arrebatamento (Jo 14.1-3; 1Co 1.7,8; 15.51-53; 16.22; Fp 3.20.21; Cl 3.4; 1Ts 1.10; 2.19; 4.13-18; 5.9,23; 2Ts 2.1; 1Tm 6.14; 2Tm 4.1, et passim); Tribulação (Dt 4.23-31; Dn 9.24-27; 11.31-39; Jr 30.3-14; Mt 24; ver Apocalipse); Retorno visível e glorioso de Cristo (Zc 14.4; Mt 13.40-43; 24.29-30; 1Co 15.22-28; Ap 1.7; 19.11-15); Milênio (Ap 20.1-9); Batalha das Nações (Ap 20.7-10); Julgamento do Trono Branco (Ap 20.11-15); Novos Céus e Nova Terra (21.1-22.5).
Creio na Segunda Vinda de Cristo e na completa vitória e efetivação do Reino de Deus na História.
EXTRAÍDO : CPAD NEWS
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