05/01/2014

A BALANÇA


Uma pobre senhora, com visível ar de derrota estampado no rosto, entrou num armazém, se aproximou do proprietário, conhecido pelo seu jeito grosseiro, e lhe pediu fiado alguns mantimentos.

Ela explicou que o seu marido estava muito doente e não podia trabalhar, e que ela tinha sete filhos para alimentar.

O dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do seu estabelecimento.

Pensando na necessidade da sua família ela implorou:

– “Por favor senhor, eu lhe darei o dinheiro assim que eu tiver”.

Ao que ele lhe respondeu que ela não tinha crédito e nem conta na sua loja.

Em pé, no balcão ao lado, um freguês que assistia a conversa entre os dois se aproximou do dono do armazém e lhe disse que ele deveria dar o que aquela mulher necessitava para a sua família por sua conta.

Então o comerciante falou meio relutante para a pobre mulher:

– “Você tem uma lista de mantimentos?”.

– “Sim”, respondeu ela.

– “Muito bem, coloque a sua lista na balança e o quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos!”.

A pobre mulher hesitou por uns instantes e com a cabeça curvada, retirou da bolsa um pedaço de papel, escreveu alguma coisa e o depositou suavemente na balança.

Os três ficaram admirados, quando o prato da balança com o papel desceu e permaneceu embaixo.

Completamente pasmo com o marcador da balança, o comerciante virou-se lentamente para o seu freguês e comentou contrariado: “eu não posso acreditar!”.

O freguês sorriu e o homem começou a colocar os mantimentos no outro prato da balança.

Como a escala da balança não equilibrava, ele continuou colocando mais e mais mantimentos até não caber mais nada.

O comerciante ficou parado ali por uns instantes olhando para a balança, tentando entender o que havia acontecido.

Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e ficou espantado pois não era uma lista de compras e sim uma oração que dizia:

“Meu Senhor, o senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isto em suas mãos”.

O homem deu as mercadorias para a pobre mulher no mais completo silêncio, que agradeceu e deixou o armazém.

O freguês pagou a conta e disse:

“Valeu cada centavo”.

Só mais tarde o comerciante pôde reparar que a balança havia quebrado. Entretanto, só Deus sabe o quanto pesa uma oração.


“Alguns pensamentos são preces. Há momentos em que, qualquer que seja a posição do corpo, a alma está de joelhos”. - Vítor Hugo

Nenhum comentário:

Postar um comentário