02/01/2014

O EXEMPLO DO ELEFANTE


Quando eu era criança me encantavam os circos e do que eu mais gostava eram os animais.

Tanto a mim, como a outras pessoas - como fiquei sabendo mais tarde - chamava atenção o elefante. Durante o espetáculo, o enorme animal fazia demonstrações de peso, tamanho e força descomunais.

Mas depois de sua atuação, e até um segundo antes de entrar em cena, o elefante permanecia preso, quieto, contido somente por uma corrente que aprisionava uma de suas patas a uma pequena estaca cravada no solo.

Sem dúvida alguma a estaca era só um pedaço de madeira, apenas enterrado alguns centímetros na terra. E, ainda que a corrente fosse grossa e poderosa, me parecia óbvio que esse animal, capaz de arrancar uma árvore com sua própria força, poderia, com facilidade, arrancar a estaca e fugir.

O “mistério” era evidente!

O que o mantinha, então? Por que não fugia?

Todavia, eu confiava na sabedoria dos adultos. Perguntei então a um professor, um parente próximo, e um tio distante, sobre o “mistério” do elefante.

Algum deles me explicou que o elefante não escapava porque estava amestrado. Fiz então a pergunta óbvia:

Se está amestrado, por que o prendem?

Não recordo de haver recebido uma resposta coerente!

Com o tempo, esqueci do “mistério” do elefante e da estaca...

Há alguns anos descobri que, por sorte minha, alguém havia sido bastante sábio para encontrar a resposta. O elefante do circo não escapa porque tem permanecido atado à estaca desde muito, muito pequeno.

Fechei os olhos e imaginei o pequeno recém-nascido sujeito à estaca. Tenho certeza que, naquele momento, ele puxou, forçou, tratando de soltar-se. E, apesar de todo o esforço, não o pôde fazer. A estaca era certamente muito forte para ele.

Juraria que dormiu esgotado, e que no dia seguinte voltou a tentar, e também no outro que se seguia. Até que um dia, um terrível dia para sua história, o animal aceitou sua impotência e se resignou a seu destino.

O elefante enorme e poderoso que vemos no circo não escapa porque crê, realmente, o pobre, que não pode. Ele tem o registro e a recordação de sua impotência, daquela impotência que sentiu pouco depois de nascer. E o pior é que jamais voltou a questionar seriamente esse registro. Jamais voltou a colocar à prova sua força outra vez.

Muitas vezes somos como os elefantes. Vivemos crendo que muitas coisas “não podemos”. Simplesmente porque, alguma vez, quando éramos crianças, tentamos e não conseguimos.

Fazemos, então, como o elefante: gravamos em nossa memória: “Não posso. Não posso e nunca poderei”!

Crescemos carregando essa mensagem que impusemos a nós mesmos e nunca mais voltamos a tentar. Quando muito, de vez em quando sentimos as correntes, fazemos soar o seu ruído, ou olhamos com o canto dos olhos a estaca e confirmamos o estigma: “Não posso e nunca poderei!”, sendo que a única maneira de tentarmos de novo é colocando muita coragem em nossa cabeça e em nosso coração!


“O homem livre é senhor da sua vontade e somente escravo de sua consciência”. - Aristóteles

Nenhum comentário:

Postar um comentário