02/01/2014

O ÚLTIMO DOS MORTAIS


Um homem triste morava na parte superior de uma velha casa em ruínas. Pardieiro sem dono. Paredões sem ninguém. Supunha-se o último dos mortais.

Contudo, era firme na fé e orava, quase com orgulho, todas as noites:

“Deus de bondade, Deus dos aflitos, da Terra sois o maior. Deus de bondade, graças Te dou por ainda me alimentar com algumas batatas por dia”.

Creio mesmo ser o ultimo dos mortais...

Mais dois anos se passaram, quando, ao sentir-se mais aflito e mais infeliz, resolveu partir ao rumo de outras terras...

Quem sabe seria um pouco menos infeliz...

Ele, que sempre saía na direção do quintal à procura das raízes que o sustentavam, desta vez saiu do lado oposto, no propósito de partir.

Nunca havia saído por lá...

Ao descer o último aclive, ouviu um barulho.

Alguém gemia... voltou para ver...

Só então, pôde verificar que um aleijado, em chagas, morava embaixo, sobre um leito de palha vivendo somente das cascas de batatas que ele atirava fora...

Naquele momento entendeu que geralmente o ser humano sempre se considera o mais infeliz, sem sequer, pelo menos, olhar para seu lado...


“O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário”.

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