11/01/2014

ATÉ QUANDO?


“Conta a lenda que, Alexandre, o Grande, conduzia seu exército de volta para casa depois da grande vitória contra Porus, na Índia. A região que cruzavam no momento era árida e deserta e os soldados sofriam terrivelmente de calor, fome e mais que tudo, de sede. Os lábios rachavam-se e as gargantas ardiam por falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir.

Um dia, por volta de meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes gregos. Vinham montados em mulas, e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e ofereceu-lhe.

Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados, que ansiavam, tanto quanto ele, por algo refrescante.

– Pode levar – disse ele –, pois se eu beber sozinho o resto ficará desolado e você não tem o suficiente para todos.

Devolveu a água sem tomar uma gota. Os soldados, aclamando seu rei e líder, puseram-se de pé e pediram que ele continuasse a conduzi-los adiante”.

Mais de 2.300 anos depois, nossa realidade, com tantas denúncias de corrupção, tráfico de influências e má administração do dinheiro público, frente a uma população que ostenta a segunda maior desigualdade social do mundo, faz com que tenhamos a vontade de baixar nossas cabeças e ruborizar de vergonha, perante a qualidade dos homens que, infelizmente, definem e sempre definiram, o destino de nossa nação e faz com que nos perguntemos, até quando?

Até quando aceitaremos que honestidade, responsabilidade e integridade, no manuseio do dinheiro público, sejam uma exceção a regra e não a obrigação básica de todos aqueles que administram o setor público de nosso país?

Até quando aceitaremos a pilhagem e distribuição de cargos públicos, toda vez que mudam nossos governantes, logo após cada eleição?

Até quando continuaremos votando no “eu” (o que aquele candidato fez ou pode fazer por mim?), ao invés de votarmos no “nós” (o que aquele candidato pode fazer para melhorar a vida de todos nós?)?

Até quando a compra de votos será uma prática rotineira em nosso país e entrave para a limpeza ética de nossas bases político-administrativas?

Até quando a corrupção, o tráfico de influência e o lobby serão aceitos como ferramentas eficazes de negociação e “obtenção de favores” pelo setor privado?

Até quando a saúde, a educação, a segurança, a moradia e a alimentação serão utilizadas como metas de desenvolvimento humano, que jamais são alcançadas e passarão a serem prioridades absolutas e com obrigação legal de serem cumpridas?

E finalmente, até quando continuaremos, toda eleição, a sermos tratados como palhaços pelos políticos de nosso país, e ainda assim, acharmos graça de tudo isso?


"Quase todos são capazes de suportar adversidades, mas, se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder." - Abraham Lincoln

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